Partido Comunista Brasileiro e Revolucionário (PCBR)
Um dos desdobramentos do racha que atingiu o PCB (Partido Comunista Brasileiro), após o golpe civil-militar de 1964, resultou na fundação do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário). A cisão remonta aos primeiros tempos pós-golpe, quando o jornalista Mário Alves, seu principal dirigente e figura prestigiada na Executiva do “Partidão”, passou a divergir frontalmente das posições políticas de Luís Carlos Prestes nas reuniões do Comitê Central do PCB. Rompido com o “Cavaleiro da Esperança”, Alves forma uma “Corrente Revolucionária” com influência entre os militantes do Rio de Janeiro e do Nordeste.
Será apenas em abril de 1968, no Rio de Janeiro, que o PCBR se constitui formalmente. Em São Paulo, o partido tem como dirigente principal Jacob Gorender, também rompido com o PCB. Entre as propostas da agremiação estava a construção de um partido marxista que reformulasse a linha tradicional do PCB sobre uma aliança com a burguesia sem, no entanto, ter como objetivo imediato uma revolução socialista.
A estratégia da nova agremiação se aproximava das posições da Ação Libertadora Nacional (ALN), dirigida por Carlos Marighella – também egresso do PCB – e que escolhera a área rural como palco privilegiado para a luta por um “Governo Popular Revolucionário”.
Desde abril de 1969, o PCBR pratica operações armadas urbanas, voltadas para a propaganda revolucionária. Mas o aumento da repressão, no segundo semestre daquele ano, obriga o partido a mergulhar na clandestinidade e praticar operações mais ousadas.
O primeiro assalto a banco, no Rio, resulta em uma série de prisões que vitimam o Comitê Central, levando centenas de militantes para a prisão. Estima-se em 31 processos referentes ao partido, somando 400 atingidos como réus ou como indiciados nos inquéritos.
Nos porões da Polícia do Exército do Rio, Mário Alves é vítima de uma sequência de torturas medievais que o levam à morte após ter a pele raspada com uma escova de aço e ser empalado. O Exército nunca admitiu sua eliminação. O nome do secretário-geral do PCBR entrou para a lista dos “desaparecidos” que nunca tinham sido presos.
A exemplo de outros grupos revolucionários voltados à guerrilha urbana, entre 1970 e 1972, como forma de sustentar financeiramente sua estrutura clandestina, o partido caiu em um ciclo de ações contra bancos no Rio de Janeiro e no Recife. Os resultados se repetem: tiroteios, prisões e torturas dos militantes. Um ano depois, o que restava do Comitê Central do partido é dizimado em uma obscura ação da repressão.
Segundo pesquisa do “Brasil: nunca mais”, no Doi-Codi do Iº Exército (Rio de Janeiro) alguns dos detidos foram assassinados em um veículo carbonizado. Gorender atribui à morte de Alves um dos fatores que levaram à implosão do PCBR, em 1973.