
Organização Revolucionária Marxista-Política Operária (POLOP)
A Organização Revolucionária Marxista-Política Operária (ORM – POLOP) se formou em 1961 pela conjunção de membros da Juventude do Partido Socialista, da Juventude Trabalhista e de intelectuais que se aliavam ao pensamento de Rosa Luxemburgo, visando uma alternativa política ideologicamente coesa ao cenário da esquerda da época. O início dos trabalhos se deu com o 1° Congresso da POLOP, prestigiado pelos referidos grupos.
O principal alvo das críticas da POLOP era o Partido Comunista Brasileiro, maior expoente da esquerda organizada até o momento em questão. Os militantes acusavam os membros do partido de adotar uma postura reformista baseada em uma aliança com a burguesia nacional. Rechaçando a hipótese de uma revolução junto da burguesia, a POLOP propunha uma frente revolucionária composta por trabalhadores rurais e urbanos, legitimados pelo estágio em que o capitalismo brasileiro se encontrava, e a divulgação e disseminação dos ideais socialistas na sociedade em geral seria, ainda, o pilar principal da atuação da organização nos anos subsequentes.
A propaganda da ideologia socialista promovida pela POLOP era fundada no desenvolvimento do capitalismo em três diferentes momentos: um ocorrido entre o final do século XIX e a Era Vargas, com um desenvolvimento operário fixado no limite mínimo em razão do latifúndio como unidade fundiária praticamente absoluta. Num segundo momento, essas lutas operárias foram institucionalizadas e, de 1950 e 1958, devido ao surto industrial, o movimento operário cresceu, muito em razão do crescimento numérico do proletariado fabril. A estrutura agroexportadora da economia brasileira adotada desde a colonização
Dentre os primeiros grandes feitos da POLOP, destaca-se a série “Aonde Vamos?”, onde, no espaço de quatro textos publicados entre os anos de 1966 e 1967, a organização visava fazer uma proposta de modelo de programa socialista para o Brasil. Sua publicação mais importante – Política Operária, responsável, inclusive, pela nomeação da organização – era publicada já antes da Ditadura Militar, em 1961, como boletim mensal. Censurada pelo regime, circulou na clandestinidade a despeito das inúmeras tentativas de retirada.
Também fizeram parte da frente de atuação da POLOP as Ligas Camponesas, polos organizados no campo como forma de aglutinação política das massas campesinas. Dentre as proposições revolucionárias dos camponeses organizados que os aproximaram da POLOP estavam a substituição da propriedade monopolista da terra pela propriedade camponesa e estatal e a desapropriação de propriedades improdutivas maiores que 500 hectares. A coligação entre a POLOP e as Ligas Camponesas enfrentou alguns obstáculos em sua vigência, como a dificuldade de afastar os interesses individuais dos camponeses, a imprecisão da imagem do ‘inimigo’ e a baixa escolaridade da população campesina. A incapacidade apresentada pelos militantes de manter discussões com o povo do campo, bem como a dificuldade de engajá-los com palavras de ordem, lemas e discursos típicos da organização, fez com que a associação entre as Ligas Campesinas e a POLOP não gerasse os frutos esperados.
Quando da Revolução Cubana, marco paradigmático de inspiração e legitimação de praticamente todas as esquerdas latino-americanas, a POLOP adotou uma postura mais comedida. Eram disseminados os ideais de Che Guevara, defendendo que não seria necessária a conjunção de todas as condições ideais para a ocorrência de uma revolução, e que o povo, devidamente organizado e alinhado, teria forças para criar um exército popular em equivalência de forças com o exército regular. Ao se deparar com esses ditames, a POLOP contra-argumentou que as organizações deveriam ter cuidado e parcimônia na aplicação dos dizeres, de forma que esta não poderia ser automaticamente transplantada para todas as realidades políticas do país independente do contexto.
1967 foi o ano em que os debates internos relativos à construção do processo revolucionário se tornaram mais presentes na operacionalidade da POLOP. Os militantes da entidade passaram a divergir de maneira mais intensa sobre a dicotomia entre luta armada e luta política, a natureza das esquerdas revolucionárias e a missão da POLOP nesse cenário. Somadas ao exílio político de grande parte de suas lideranças, as dissidências dentro da organização se tornaram a tal ponto debilitantes que foi assinada ‘Pelos Revolucionários que Rompem com a POLOP’ a ‘Carta Aberta aos Revolucionários’, expressando sua escolha pela luta armada e o rompimento com a POLOP em razão da posição mais conservadora da organização.