
Ação Popular Marxista Leninista (APML)
A Ação Popular Marxista-Leninista do Brasil (APML) é criada em 1972, no contexto da divisão provocada no interior da Ação Popular (AP), fundada em 1963 a partir da ação de quadros da Juventude Universitária Católica (JUC). Em 1969, inicia-se nesta organização um movimento de aproximação política com o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) visando à construção de um partido revolucionário com influência de massa.
Dentro da AP, a proposta divide a militância, que vive em meio a um embate teórico, envolvendo seus dois grupos principais, em torno da tática mais adequada para a derrubada da ditadura militar. Assim como outras organizações de esquerda que aderiram à luta armada, as correntes da AP são impactadas por dois eventos internacionais de importância histórica: a Revolução Chinesa de 1949 e a Revolução Cubana de 1959.
Em consequência, surgem divergência sobre a melhor tática para a conquista do poder: a Guerra Popular Prolongada, empregada pelos comunistas chineses e apoiada pelo PCdoB; ou o chamado “foquismo”, originado da ação de grupos de vanguarda a partir de um foco rural, a exemplo da revolução cubana.
Nesse contexto, durante a chamada “cisão de setembro/outubro de 1972”, dissidentes liderados por Jair Ferreira de Sá e Paulo Stuart Wright são expulsos, arrastam consigo um grupo de militantes contrários à fusão com o PC do B e alteram o nome da sigla. Nasce a Ação Popular Marxista-Leninista do Brasil (APML).
A concretização da união com o PC do B dá-se em 1973, quando a AP reconhece os comunistas como a “autêntica vanguarda proletária”. Na segunda metade do ano, o aparato repressivo do governo provoca uma série de “quedas” de militantes da APML, atingindo inclusive Wright e Ferreira de Sá.
Fragilizada, a APML centra sua militância no movimento estudantil, que ressurge com força no final da década de 1970 em meio à luta pelas liberdades democráticas. O ano de 1979 será marcado pelas mobilizações sociais que levaram à anistia dos presos políticos, ao congresso de reconstrução da União Nacional dos Estudante (UNE) e ao ascenso do movimento operário, traduzido nas greves de Osasco, Guarulhos, do ABC paulista e, um ano depois, na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).
Frente à reorganização dos estudantes e da classe trabalhadora, em seu último congresso a APML decide pela integração ao PT, caracterizado então como o verdadeiro partido de massas. Franklin Oliveira, veterano militante da APML, definirá a decisão em sua tese de doutorado intitulada “Paixão e revolução: capítulos sobre a história da AP”: “A criação do PT traz uma nova dinâmica partidária. […] Movido por esta constatação, pelas divergências internas, pelo novo clima que se estabelece nos anos finais da ditadura e pela desconfiança de dirigentes daquele partido [PT] em relação aos portadores de ‘dupla militância’, fortalece-se a convicção da dissolução da APML”.